mensagem do responsável-geral cessante a todos os amigos e filiados na hora de passar o testemunho
Estimados amigos,
Em Dezembro próximo realizar-se-ão eleições gerais
internas no PPV e decidi não apresentar qualquer candidatura. A
situação do país é a que todos conhecemos. As constantes ameaças
à causa abraçada pelo PPV exigem de todos nós uma grande união
mas, porventura, também uma mudança de estratégia para a qual esta
minha difícil decisão deve abrir espaço.
Embora preenchendo um espaço ideológico não
representado pelos outros partidos, e sendo formado por pessoas
altamente motivadas para levar a sério o pensamento social
cristão,
o PPV não conseguiu até hoje um apoio significativo de grupos e
movimentos de sociedade civil – especialmente alguns ligados à
Igreja Católica e à Federação Portuguesa pela Vida - que, em
princípio, comungam os mesmos ideais e – acreditámos nós –
estariam disponíveis para algum tipo de colaboração no seu
aprofundamento e afirmação cívica.
Em quatro anos de existência, podemos mesmo concluir que
estes revelam uma clara desigualdade de tratamento
entre
nós e partidos “do poder” como o PSD e o CDS. Ainda que não
possamos afirmar peremptoriamente que para a Igreja haja “filhos e
enteados” políticos, a verdade é que nos foram fechadas portas
que, pelo contrário, se mostravam escancaradas para os partidos
que,
embora há dois anos à frente do governo, nada de significativo
fizeram para reverter a onda da “cultura da morte” herdada do
consulado Sócrates. Em alguns casos, chegaram a reforçá-la,
votando p. ex. ao lado dos socialistas, comunistas e bloco de
esquerda a favor da adopção gay.
Parece que um tal poder continua a merecer a aprovação
da Igreja Portuguesa – como se depreende das mais recentes
declarações do Sr Cardeal emérito de Lisboa, D. José Policarpo, e
do silêncio conformado da Conferência Episcopal. O apoio activo e
“inequívoco” (sic) dado a uma petição europeia (one of us) que
também apoiámos, contrasta de modo gritante com a omissão de
comunhão com a petição nacional pro-referedo vida que, como é
sabido, promove uma comissão muito próxima do PPV.
É verdade que em determinados momentos assumimos algumas
posições de questionamento público de algumas atitudes pontuais,
públicas e de carácter político de certos membros da Hierarquia,
como o Sr D. José Policarpo, o Sr. D. Januário Torgal Ferreira ou
o
Sr. Reitor do Santuário de Fátima – P.e Cabecinhas. Teriam essas
atitudes ferido algum orgulho pessoal e redundado na nossa
quasi-excomunhão de facto? Ignoramos. O que temos por certo é
que, nestas condições, será melhor para o PPV afastarmo-nos do
seu leme e do fielGPS, permitindo a abertura de canais de
entendimento sem os quais, receio bem, a causa da Vida e da
família
não conseguirá fazer caminho numa sociedade portuguesa cada vez
mais laicizada e afastada dos valores sociais e humanos
fundamentais.
Portugal, como o exército de D. Sebastião, caminha hoje
ao lado do seu “rei” para o desastre completo. O Estado Social
dissolve-se, o emprego fragiliza-se, a segurança de pessoas e bens
desvanece-se, a Justiça agoniza, as Escolas barbarizam-se ou
fecham,
os Hospitais e maternidades matam!... Temos hoje esse “fraco Rei”
que, nas palavras de Camões, “faz fraca a forte gente”. Por isso
se torna cada vez mais insubstituível um partido como o PPV que
ajudei a fundar e continuarei a servir, ajudando lealmente a nova
Direcção. Exorto todos os nossos filiados e amigos a cerrar
fileiras na defesa da causa comum, pedindo cada um aos
dirigentes das associações e movimentos em que participe -
incluindo os líderes religiosos – uma maior disponibilidade para dar
as mãos ao serviço da causa do bem-comum, não apenas nas palavras
mas também por actos de cidadania.
Guimarães, 8 de Novembro de 2013
Luís Botelho