Dig.mº Secretário-Geral do Partido Socialista,
Cordiais cumprimentos em meu nome pessoal e em nome do PPV - Portugal pro Vida.
Acusou V. Ex.ª há dias o Governo de "experimentalismo social". Não estamos em condições de discutir a justiça do epíteto, embora nos pareça que se trata de uma acusação muito grave. É fácil reconhecer que qualquer medida governativa está sujeita àquele grau de incerteza que levava Salazar a confessar "pondero com dúvida, mas decido com esperança" (cit. de memória). Daí um certo carácter experimental inerente à decisão política.
Mas quem ouviu a sua declaração do "experimentalismo social", compreendeu uma intenção que vai muito além - a acusação de insensibilidade social elevada à máxima potência, de algum modo suportada no famoso "custe o que custar". Quem o ouviu e creu, pensará que o Governo como que "se diverte" a usar o seu povo como cobaia de experiências, independentemente dos benefícios que possam resultar - pior! - independentemente dos danos e sofrimento que possam vir a infligir às pessoas e às famílias.
Mas não é exactamente esta postura de "experimentalismo social" que o Partido Socialista tem vindo a seguir ao longo dos últimos anos, especialmente durante o consulado de José Sócrates, apadrinhando todas as "rupturas fracturantes" que iam ocorrendo ao Bloco de Esquerda?
- Não foi assim com a banalização total do aborto até às 10 semanas, independentemente de este vir a tornar-se de facto um método contraceptivo?
- Não foi assim com o "casamento homossexual", primeiro sem adopção e logo a seguir com "apadrinhamento civil", independentemente de tal vir a relativizar e enfraquecer ainda mais a instituição familiar, concentrando a atenção dos governantes sobre supostos "direitos das minorias" mas deixando pelas ruas da amargura os "direitos das maiorias"? Onde está o direito à educação tendencialmente gratuita? O direito à saúde? O direito à reforma? O direito à segurança? O direito à propriedade legitimamente adquirida?
- Não foi assim também com o "divórcio simplex" que tem vindo a deixar o "elo mais fraco" das famílias sempre mais vulnerável?
O aplauso para a coragem e lucidez demonstrada, identificando um dos mecanismos que têm efectivamente contribuído para a insustentabilidade do modelo de governação que vem sendo seguido pelos vários governos de Portugal.
A exortação para que seja consequente com a posição assumida, renunciando e demarcando-se publicamente das dimensões acima identificadas da agenda do «experimentalismo social» internacional que o Partido Socialista tem vindo a patrocinar em Portugal, especialmente sob o precedente consulado de José Sócrates.
Saudações democráticas,
Luís Botelho
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Portugal pro Vida
...ser ou não ser, eis a questão.