quarta-feira, 22 de outubro de 2008

desinformação X leitura acrítica = ...

Um dos mais importantes óbices ao desenvolvimento da sociedade portuguesa prende-se com a conjunção de dois factores:
- a produção de "informação deturpada", deliberada ou involuntariamente, pela imprensa;
- a deficiente capacidade de leitura crítica do público leitor associada à sua reduzida dimensão;

E, assim, quando "nos toca a vez" de encontrar as nossas mensagens mal explicadas e/ou mal compreendidas na imprensa - o que, apesar de tudo, é melhor do que vê-las de todo abafadas - sentimos a responsabilidade de dar o nosso modesto contributo para uma relação de maior Verdade* entre o mundo da Informação e os destinatários a informar.

Tomemos um pequeno exemplo tirado da notícia de Junho sobre a primeira Velada em Guimarães:

A citação de um sms de convocatória é documental e por isso fiel:
"Vamos rezar o terço por todas as vítimas do aborto"

No título, enviado pela Lusa para a imprensa de todo o país, porém, já se lê o seguinte:
"Aborto: Católicos rezam contra o aborto em Faro, Portimão, Lisboa, Leiria"

Ecos vários reproduziram acriticamente o título da Lusa:
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Pais/Interior.aspx?content_id=984146

http://net-mulher.com/index.php?topic=3807.0
http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=26585

Isto leva a que em vários sítios e nomeadamente no Forum Nacional várias pessoas questionassem, e bem, o que é isso de "rezar contra". Infelizmente, partiram imediatamente para a condenação e a classificação geralmente depreciativa da iniciativa, sem lerem o artigo todo, onde - e honra seja feita à LUSA - constava a transcrição do apelo sms.
http://www.forumnacional.net/showthread.php?t=30436

Mas há excepções. E o diário IOL foi uma delas, colocando em título aquilo que era efectivamente documental (o sms):

Católicos rezam pelas «vítimas de aborto»

É certo que não resistiram a colocar no texto a versão da LUSA. Menos mal - não embarcaram na onda sensacionalista que tende a incendiar os títulos e moderar os textos!

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Outra é a questão «Católicos rezam».

É verdade! Mas também rezam, não o rosário católico mas as suas próprias orações, fieis de outras igrejas e até de outras religiões. Pelo respeito (pode ler-se "sacralidade"...) da Vida Humana, convergem nas Nações Unidas (e também em Portugal) cristãos católicos e outros, judeus, muçulmanos, budistas, hinduistas, bahai e outros.

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Sobre as notícias publicadas na sequência da jornada de 20 de Outubro, parece-nos redutor e passivel de interpretações distorcidas o sub-título:
«Movimento pede apoio à Igreja»

Na realidade, a nota de imprensa que antecipadamente aqui publicámos refere o sentido essencial que era o da abertura de canais de diálogo institucional com a Igreja Católica, a Comunidade Islâmica de Lisboa e outras instituições pro-Vida. Esta proposta fundamenta-se num princípio de Diálogo e Abertura - o mesmo, afinal, que sustenta o diálogo institucional entre a Igreja Católica e o Estado Português. Rejeitamos inteiramente que a nossa proposta possa ser entendida como um "pedido de apoio" - o qual, a verificar-se, representaria uma grave de falta de respeito para com todos os destinatários das nossas cartas e levaria a que, certamente, não fossemos recebidos como efectivamente fomos.

Outra coisa bem diferente é o considerarmos que "as iniciativas concretas a favor da Vida" precisam e devem merecer uma palavra pública, de correcção ou de estímulo, por parte das Hierarquias Religiosas. Pensamos assim porque os cidadãos-crentes têm o direito de saber que as principais questões da Vida (aborto, eutanásia) e da Família (divórcio, "casamento" de homossexuais, educação sexual, educação para a cidadania, etc.) são também eminentes "questões religiosas", ou seja, fazem parte do grande número de questões sobre as quais, por muito que desagrade a "certos sectores", a Fé pode e deve lançar alguma Luz.

Para que sobre tudo isto não fique a pairar a mais pequena dúvida, aqui publicaremos juntamente com as respostas que recebermos também as cartas que em mão entregámos no passado dia 20.

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[...], presidente do movimento

O Portugal pro Vida está em fase de formação, não tem formalmente criados quaisquer orgãos nem ainda estatutos. Existe apenas uma comissão instaladora informal e um conjunto de porta-vozes que apresentam as iniciativas de viva voz e alimentam o blogue oficial: http://portugalprovida.blogspot.com



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* ou não fosse a exortação de 2008 no Santuário de Fátima justamente «Viver na Verdade»!