A publicação recente do relatório de 2012 da Direcção-Geral de Saúde (DGS) e, hoje mesmo, do Relatório de 2012 da Inspecção-Geral de Actividades de Saúde (IGAS) vem permitir uma comparação de que se podem retirar importantes ilações:
1. A IGAS defende a criação de mecanismos de limitação dos abortos recorrentes, chegando mesmo a sugerir a criação de uma taxa moderadora, apontando o seu efeito "moralizador" perante o reconhecido facto de que o aborto se tem tornado um "método anticoncepcional".
2. Os dados publicados pela DGS em meados de Abril, não reflectiam afinal uma diminuição do numero de abortos, mas simplesmente um atraso no processo de reporte. O facto mais grave e preocupante prende-se com o acréscimo de 754 abortos que "apareceram" afinal nas instituições inspeccionadas em 2012 pela IGAS. Será que alguém anda a esconder abortos realizados para evitar algum alarme social? Se não tivessem sido "descobertos" pelas inspecções, aqueles 754 abortos nunca viriam a ser incluidos/ reconhecidos nas "cifras negras" do estado em Portugal?
3. Fruto de políticas (e políticos) socialmente irresponsáveis, continua a degradar-se a incidência do aborto em Portugal. De 172 (abortos/1000 nados-vivos) em 2008 passámos já para 209 em 2011. Dando como válidos os numeros da DGS, a região mais "perigosa" para um bebé ser concebido em Portugal é Lisboa e Vale do Tejo com 298 abortos/1000 nados-vivos, logo seguida do Algarve com 288. No norte verificam-se 211 abortos por cada 1000 nados-vivos, isto é, ainda mais do que um em cada seis bebés concebidos é sacrificado ao egoísmo mais sanguinário (literalmente).
4. Os dados mostram como a "produção de morte" em entidades privadas continua a crescer. Concretamente é interessante verificar como a entrada do Grupo Espírito-Santo saúde na Clínica de Oiã, teve como consequência imediata a cessação da realização de abortos naquela Clínica, o que é muito de se saudar. Perante o reforço do "negócio", um novo player - SOERAD sociedade de estudos radiológicos L.da, de Torres Vedras - requereu e conseguiu em 20-03-2012 a sua licença para realizar abortos, embora ainda neste momento aquele serviço não se encontre publicitado no seu site. Não admira - quem se pode orgulhar de perverter a sua missão de prestar cuidados de saúde, matando deliberadamente seres humanos indefesos? Manteremos vigilância apertada sobre todas as entidades píblicas e privadas, envolvidas na "rede de aborto". Se, como receamos, pretenderem intensificar a sua actividade neste domínio publicitando o novo "serviço", no seu site, na imprensa escrita ou audio-visual, não hesitaremos em alertar os nossos amigos e simpatizantes da região oeste para o facto de aquela sociedade supostamente vocacionada para "estudos radiológicos" se pretender dedicar agora a "execuções em massa" de bebés humanos nas 10 primeiras semanas de vida.