quarta-feira, 28 de abril de 2010

Construção de um monstro

por João César das Neves

Diário de Notícias, 2010.04.26

As coisas à distância surgem alteradas. Por isso os heróis e vilões da
história pareceram em geral muito diferentes dos contemporâneos. As
duas visões são válidas, aspectos distintos de personalidades e épocas
complexas. Isso vê-se bem tentando adivinhar como a nossa realidade
será descrita daqui a séculos.

O tempo realiza dois fenómenos sobre o panorama de uma era. Primeiro
esquece pormenores e reduz o relato aos traços estruturais. Depois
concentra os actos e ideias de multidões no líder do momento. Por
isso, por muito que surpreenda, é provável que José Sócrates fique na
história de forma distinta daquela como o vemos, como o monstro que
vandalizou a família e a cultura portuguesas.

Em breve desaparecerão as questões que hoje dominam a política
nacional. Défices, escândalos, obras, reformas parecerão detalhes
ínfimos aos nossos descendentes. Aquilo que chocará o futuro são sem
dúvida as tentativas radicais e atabalhoadas na legislação da família.

Se virmos com atenção, é impressionante o número e alcance das medidas
de alguns meses. Em lugar destacado está a lei do aborto de 2007,
responsável pelo morticínio de milhares. Às próximas gerações não
passará despercebida a enorme fraude política de usar um referendo não
vinculativo sobre a despenalização para impor não só legalização mas
fomento com dinheiro de impostos. Deste modo, uma simples decisão
inverteu totalmente a atitude legal face à prática, da proibição à
promoção descarada.

O aborto é apenas um aspecto, de longe o mais sangrento, da vasta
investida recente contra a vida. A "lei da procriação medicamente
assistida" de 2006 assumiu um regime laxista e irresponsável na
protecção ao embrião humano, ultrapassando o pior do mundo. As leis do
divórcio de 2008 e uniões de facto de 2009 constituem enormes
atentados à instituição familiar, só comparáveis à campanha de 2010
pelo casamento do mesmo sexo. Mais influente, o Estado sob a capa de
educação sexual impõe às crianças e jovens a sua ideologia frouxa e
lasciva. A tolice atinge o paroxismo em detalhes ridículos, como as
praias de nudistas onde se anuncia regulamentação. Em todos os casos
fez--se a coisa de forma apressada, ligeira e arrogante, à maneira dos
tiranos de antigamente, sem respeito por instituições e articulados
seculares.

Tudo isto são só papéis, que se mudam facilmente. Mas, mesmo que
mudem, à distância tudo parecerá resultado de obsessão maníaca. Até
porque os efeitos nefastos são bem visíveis. Desde 2007, a mortalidade
ultrapassou a natalidade. Portugal é o país com menor fertilidade na
Europa ocidental, das mais baixas do mundo. Esta catástrofe
demográfica faz de nós um povo em vias de extinção e ameaça a nossa
herança e cultura. O número de divórcios é mais de metade dos
casamentos, enquanto a coabitação precária e os filhos fora do
casamento explodem, gerando lares esfarrapados, insucesso escolar, de-
pressões, miséria, crime.

O futuro não compreenderá que o Governo não só não o note mas se
encarnice em agravá-lo. As gerações vindouras só o entenderão
atribuindo-o a um magno plano malévolo, como fazemos a Nero, Napoleão
ou Hitler. A teoria vácua da "modernidade" invocada em discursos, será
vista como capa para propósitos sinistros, cultos sexuais, taras
pessoais, desequilíbrios doentios.

Sobretudo será impossível convencer os longínquos do que para nós é
evidente. Todas estas medidas de profundo alcance foram tomadas mais
por descuido que desígnio, na distracção da conjuntura. Para quem
apenas pensa politicamente nos títulos do fim-de-semana, as mudanças
radicais na mais estrutural legislação são detalhes retóricos, meras
formas de polir os emblemas de esquerda embaciados pela política
económica. Por exemplo, nem sabem o que fazer do colapso demográfico.
Nestes ataques à vida e família, vê-se mais inconsciência que maldade,
irresponsabilidade que propósito, desdém que planeamento.

Mas, tudo considerado, os nossos netos são capazes de ter alguma
razão. Afinal, à distância vê-se o que a confusão do momento esconde.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Hildebrand sobre a letargia dos nossos Bispos

citando o blogue Jesus-logos



Dietrich von Hildebrand
* declarou em 1973: "Uma das doenças mais terríveis e generalizadas na Igreja de hoje é a letargia dos guardiões da Fé da Igreja.
...

Refiro-me [aqui] a ... numerosos bispos ... que não fazem qualquer uso da sua autoridade quando se trata de intervir contra os teólogos ou padres
heréticos, ou contra blasfémias em actos de adoração pública...
A situação torna-se especialmente revoltante
, quando alguns bispos que mostram esta letargia para com os hereges, assumem uma atitude rigorosamente autoritária para com os fiéis que defendem a pureza da Doutrina da Fé, e que estão, assim, a fazer aquilo que deveriam ser os bispos a fazer por si mesmos! ...

A peçonha dos hereges, sacerdotes e leigos, é tolerada; os bispos dão a sua anuência tácita ao envenenamento dos fiéis.

Mas eles querem, ao mesmo tempo, calar os crentes que assumam a causa da ortodoxia, aquelas exactas pessoas que deveriam, por direito, ser a alegria dos corações dos bispos, a sua consolação, uma fonte de força para superar a sua própria letargia.

Em vez disso, essas pessoas são considerados como perturbadores da paz...

Mas o insulto a Deus, que uma heresia
normalmente encerra, não parece ser para eles um tão grave e irritante acto público de rebelião contra a sua autoridade. "

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* Filósofo D. V. Hildebrand, elogiado por 3 Papas (Bento XVI, João Paulo II, Pio XII), sobre a Negligência Episcopal (cf. vídeo)

sábado, 24 de abril de 2010

um em cada seis portugueses...


Não diremos - ainda - que um em cada seis portugueses se encontra desempregado.
Infelizmente, é bem pior do que isso!


Na verdade, um sexto
dos portugueses...


.. são 1.775.462 vidas[1] - é muita gente!

... criam um sexto do Produto Interno Bruto - 21.993 milhões de euros ao ano (superior até ao tristemente famoso défice público em 2009, cerca de 15 425 milhões de euros)

... correspondem a 3.306 efectivos das forças armadas, 717 praças, 1.657 sargentos, 918 oficiais superiores, 14 oficiais-generais

.. correspondem a 44.359 alunos no ensino pré-escolar... e 2.947 vagas de professores

... correspondem a 83.098 alunos do 1º ciclo... e 5.871 vagas de professores

... correspondem a 173.011 alunos do 2º, 3º ciclo e nível secundário... e 20.501 vagas de professores

... correspondem a 62.819 alunos no ensino superior... e 5.897 vagas de professores

... representam muito consumo das famílias a animar a economia - 17.078 milhões de euros ao ano (mais de cinco vezes os 3.300 milhões da 1ª fase do novo aeroporto de Alcochete)

... representam muitas pensões de reforma - 570.657 beneficiários deixarão de ser apoiados (ao os apoios diminuirão 17%).


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Na verdade, com quase 20.000 abortos/ano realizados pelo Estado num país onde já não chegam a nascer 100.000 bebés por ano...
lançamos fora um sexto do nosso futuro!

Pode não ser fácil perceber no imediato a extensão do drama humano, social e mesmo económico que estamos a preparar.
Como vai a segurança social aguentar se nada fizermos?
Como irá a economia recuperar com a sociedade a envelhecer, as escolas a esvaziar-se e o estado a viver acima das suas posses?

Que Portugal nos reservam as políticas suicidas de hoje, a um prazo de 10 a 15 anos?

Até quando vai o povo português tolerar isto?

Até quando vai a Igreja contemporizar com isto?
Quando vai a Universidade esclarecer a sociedade sobre isto?
Quando vai o Tribunal Constitucional ler no artº 24 da Constituição... o que lá está?
Que pensam os militares e forças de segurança de tudo isto?

Até quando aceitaremos que, em nome da Democracia de Abril, alguns drenem com proveito próprio as energias colectivas, tão necessárias à construção do nosso Futuro?

Num momento em que o Bloco de Esquerda fala de «estado de final de regime» e, à direita, Marques Mendes questiona publicamente se ainda vivemos em democracia...
também nós temos o «direito à indignação activa» perante a "situação" de um regime político que se mantém no poder à custa da manipulação da comunicação social (caso PT/TVI), à viciação das regras do jogo democrático (Legislativas2009), à delapidação do futuro do país por via do facilitismo demagógico (aborto, degradação do ensino, agenda gay).



Por isso aqui vimos lançar um apelo à sociedade portuguesa:

Precisamos de Cidadãos, de Instituições, de uma Constituição, de Políticos respeitadores da Vida, da Cultura Humanista, do projecto de Felicidade que cada português alimenta no seu coração...
... e que se vai esfumando diante do triste espectáculo da política nacional, do Governo, das empresas públicas, de uma sociedade como que manietada por uma máfia obscura [2].

Precisamos, sobretudo, que o Estado reconheça na letra e na prática alguns valores fundamentais, como a Vida e a Família, e tenha a visão e sabedoria necessárias para, no que ao Estado compete, promover um quadro favorável à felicidade e fecundidade das famílias portuguesas, condição básica para a renovação das gerações, e para a sustentabilidade do capital social secularmente acumulado por este "nobre povo".

Os dados estão lançados - a nossa mensagem já chega até si.
As nossas convicções são fortes: inspiramo-nos na doutrina social da Igreja
e defendemos a mais nobre das causas: a Causa da Vida.

Prescindimos de quaisquer financiamentos particulares:
mas não prescindimos do seu apoio cívico para, juntos,
fazermos ouvir a voz dos que hoje ainda não têm voz própria

Dê-nos mais força.
Junte-se a nós! Escreva-nos. Ajude a criar uma secção local do PPV
Tome parte na Convenção Nacional, dia 8 de Maio em Fátima[4].

pela Vida
pelas Famílias
pelo Futuro

Portugal pro Vida


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notas:


[1] cf. estatísticas Pordata


[2] «vivemos sob o domínio da Máfia», manchete do “Primeiro de Janeiro” de 21.01.2008, sobre o «caso casa Pia» com desenvolvimento na pág.24

[3] Na nossa longa história militar, alguma vez um inimigo nos inflingiu 50.000 baixas? Mas é este o número aproximado de abortos praticados pelo estado português até hoje. E algum inimigo causou a Portugal prejuízos da ordem de um sexto do P.I.B., como os que temos sofrido por clínicas espanholas, responsáveis por cerca de metade abortos já realizados? Vamos ficar de braços cruzados? Até quando vamos tolerar esta carnificina?

[4] mais informações no blogue http://portugalprovida.blogspot.com

terça-feira, 20 de abril de 2010

tu e o meu bolo de chocolate

por Henrique Salles da Fonseca

Quando é que já se viu eu comer um bolo de chocolate e não lamber os dedos? Sim, quando? NUNCA! Era o que faltava eu deixar aqueles bocadinhos de gula desperdiçados num qualquer pano de resguardo de sebências ou afogá-los num frio lavatório e mandá-los pelo cano a baixo como se faz aos abortos. ERA O QUE FALTAVA! Os guardanapos são para limpar cerimónias; os lavatórios para excomungar porcarias. Chocolate não… esse merece lambidela.

Mas diz a Tia Alzira que é feio lamber os dedos. Ah! E eu ralado. Feio é desperdiçar. Isso, sim, é que é muito feio! - Pois fique a Tia sabendo: eu lambo o chocolate dos dedos! E se for uma Bola de Berlim, também lambo o açúcar dos dedos!

- Olha, Caramelo! Tu sabes que o chocolate te faz mal, não sabes? E o Caramelo dá ao rabo porque eu estou a falar com ele. E porque vê o chocolate nos meus dedos e concorda comigo que tal preciosidade não deve ir pelo cano a baixo como alguém fez aos irmãos dele quando nasceram. E esses não eram abortos: eram cãezinhos completos e sãos… Então, sem os adultos verem, deixo a minha mão descair até à altura da boca do Caramelo e logo sinto a língua gulosa a lamber o chocolate…

Mas cão não tem rabo discreto e logo se põe a abanar o apêndice a pedir mais. E os adultos reparam que o Caramelo pede mais porque alguém o iniciou na lambarice. E esse alguém só posso ser eu. E então é a mim que zurzem… Porque isto e porque aquilo!!!, não têm mais nada que fazer do que chatear criança e cão por causa duns restos de chocolate nos dedos de um guloso amigo de um cão tão guloso como o dono dos dedos.

E sabem que mais? O Caramelo dá ao rabo de satisfação e eu não faço isso porque não tenho rabo mas também o faria se o tivesse e fosse cão.

Uma pergunta: como fazem os cães que não têm rabo? Deve ser muito triste. Acho que deve ser como a gargalhada que o mudo não dá.

Lamber os dedos é feio… E fazer abortos e deitar cãezinhos pelo cano a baixo é bonito?

Lisboa, 17 de Março de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Solidariedade com a Polónia

O Portugal pro Vida expressa a todo o povo polaco sentidas condolências pelo falecimento do seu Presidente da República, Lech Kaczyński, esposa e restantes ocupantes do Tupolev que se despenhou perto de Smolensk, no passado dia 10 de Abril.

(foto picada daqui http://tv1.rtp.pt/noticias/)

Lamentamos que a crise das cinzas vulcânicas tenha impedido muitos Chefes de Estado de expressar presencialmente a sua solidariedade com o luto das famílias atingidas e de todo o povo.

Desejaríamos que, a exemplo do presidente Checo, em cuja capital se encontrava e não dista mais que 466km de Cracóvia, o Presidente português, que na mesma altura deixava Praga de automóvel, se tivesse disposto a participar nessa cerimónia - a que não faltaram os presidentes da Rússia, Ucrânia e Lituânia, o cardeal Sodano em representação do Papa Bento XVI e até o primeiro-ministro... de Marrocos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Convenção Nacional do PPV, 8 de Maio - Fátima

A todos os filiados no Portugal pro Vida,

Conforme convocatória enviada por email a todos os filiados, informa-se que foi convocada uma reunião da Convenção Nacional do PPV para o dia 8 de Maio pelas 14h30, em Fátima, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. discussão e aprovação do relatório e contas do ano anterior;

2. avaliação da acção política do PPV em 2009 e perspectivas para 2010

3. outros assuntos

José Carlos Areias, Presidente da Mesa da Convenção Nacional
Luís Botelho Ribeiro, Responsável-geral

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notas
1.
Os interessados em participar devem inscrever-se até 1 de Maio, através do seguinte endereço email:
portugalprovida@gmail.com

2. Conforme prevêem os estatutos, só os filiados no PPV poderão participar e votar na Convenção - se comunga da Causa da Vida, adira ao PPV, escreva-nos.