sexta-feira, 8 de novembro de 2013

mensagem do responsável-geral cessante a todos os amigos e filiados na hora de passar o testemunho

Estimados amigos,
Em Dezembro próximo realizar-se-ão eleições gerais internas no PPV e decidi não apresentar qualquer candidatura. A situação do país é a que todos conhecemos. As constantes ameaças à causa abraçada pelo PPV exigem de todos nós uma grande união mas, porventura, também uma mudança de estratégia para a qual esta minha difícil decisão deve abrir espaço.
Embora preenchendo um espaço ideológico não representado pelos outros partidos, e sendo formado por pessoas altamente motivadas para levar a sério o pensamento social cristão, o PPV não conseguiu até hoje um apoio significativo de grupos e movimentos de sociedade civil – especialmente alguns ligados à Igreja Católica e à Federação Portuguesa pela Vida - que, em princípio, comungam os mesmos ideais e – acreditámos nós – estariam disponíveis para algum tipo de colaboração no seu aprofundamento e afirmação cívica.
Em quatro anos de existência, podemos mesmo concluir que estes revelam uma clara desigualdade de tratamento entre nós e partidos “do poder” como o PSD e o CDS. Ainda que não possamos afirmar peremptoriamente que para a Igreja haja “filhos e enteados” políticos, a verdade é que nos foram fechadas portas que, pelo contrário, se mostravam escancaradas para os partidos que, embora há dois anos à frente do governo, nada de significativo fizeram para reverter a onda da “cultura da morte” herdada do consulado Sócrates. Em alguns casos, chegaram a reforçá-la, votando p. ex. ao lado dos socialistas, comunistas e bloco de esquerda a favor da adopção gay.
Parece que um tal poder continua a merecer a aprovação da Igreja Portuguesa – como se depreende das mais recentes declarações do Sr Cardeal emérito de Lisboa, D. José Policarpo, e do silêncio conformado da Conferência Episcopal. O apoio activo e “inequívoco” (sic) dado a uma petição europeia (one of us) que também apoiámos, contrasta de modo gritante com a omissão de comunhão com a petição nacional pro-referedo vida que, como é sabido, promove uma comissão muito próxima do PPV.
É verdade que em determinados momentos assumimos algumas posições de questionamento público de algumas atitudes pontuais, públicas e de carácter político de certos membros da Hierarquia, como o Sr D. José Policarpo, o Sr. D. Januário Torgal Ferreira ou o Sr. Reitor do Santuário de Fátima – P.e Cabecinhas. Teriam essas atitudes ferido algum orgulho pessoal e redundado na nossa quasi-excomunhão de facto? Ignoramos. O que temos por certo é que, nestas condições, será melhor para o PPV afastarmo-nos do seu leme e do fielGPS, permitindo a abertura de canais de entendimento sem os quais, receio bem, a causa da Vida e da família não conseguirá fazer caminho numa sociedade portuguesa cada vez mais laicizada e afastada dos valores sociais e humanos fundamentais.
Portugal, como o exército de D. Sebastião, caminha hoje ao lado do seu “rei” para o desastre completo. O Estado Social dissolve-se, o emprego fragiliza-se, a segurança de pessoas e bens desvanece-se, a Justiça agoniza, as Escolas barbarizam-se ou fecham, os Hospitais e maternidades matam!... Temos hoje esse “fraco Rei” que, nas palavras de Camões, “faz fraca a forte gente”. Por isso se torna cada vez mais insubstituível um partido como o PPV que ajudei a fundar e continuarei a servir, ajudando lealmente a nova Direcção. Exorto todos os nossos filiados e amigos a cerrar fileiras na defesa da causa comum, pedindo cada um aos dirigentes das associações e movimentos em que participe - incluindo os líderes religiosos – uma maior disponibilidade para dar as mãos ao serviço da causa do bem-comum, não apenas nas palavras mas também por actos de cidadania.
Guimarães, 8 de Novembro de 2013
Luís Botelho