terça-feira, 10 de dezembro de 2013

contra o "relatório Estrela" - debate com Ana Gomes

Cara Senhora Deputada,

Agradeço a sua mensagem-resposta que muito me distingue e honra, a ser verdade e não exagerada a referência aos "milhares" de emails recebidos nos últimos meses.

Escrevo para lhe comunicar que, embora reconhecendo o seu direito de votar em sentido diferente do nosso apelo, não posso aceitar que nos considere "instrumentalizados", eu e os milhares de cidadãos que em boa hora lhe escreveram a pedir que, como nossa representante, nos representasse. A expressão por si utilizada é reveladora de uma mentalidade que desrespeita os cidadãos, negando-lhes a capacidade de formar juízos autónomos e o direito de exigir responsabilidades aos seus representantes. O simples facto de que, através de uma comunicação social manipuladora, a actual classe política vá conseguindo os seus intentos e os seus mandatos em detrimentos de alternativas emergentes e sitematicamente silenciadas como o PPV que lidero, não lhe dá o direito de ofender os cidadãos, considerando-os instrumentalizados cada vez que exprimem um pensamento e uma vontade divergentes dos vossos.

Cara Senhora, embora nos corredores onde circula possam soar muito bem e "politicamente progressistas" expressões que a senhora aprendeu a repetir (e.g. "saúde sexual e reprodutiva", "direitos sexuais e reprodutivos", "métodos modernos de contracepção", "interrupção da gravidez" ou "educação sexual acessível"), deste lado bem nos apercebemos do significado e objectivo último visado por todo esse discurso internacionalmente orquestrado: morte, sacrifício de inocentes que os Estados deviam proteger e ajudar a nascer, não a ser assassinados pelo Estado, a pedido das próprias mães, muitas vezes deixadas sem alternativas porque os meios públicos foram pelo vosso discurso cativados para "políticas de morte" e não para políticas amigas da vida e da natalidade. A tais políticos, revelando um tal desprezo pelo bem comum numa sociedade em acelerado envelhecimento e decadêcia como a europeia, o melhor epíteto que lhes poderíamos oferecer, a par do benefício da dúvida, seria esse mesmo que sobre nós lançou: "instrumentalizados". Significaria que a fonte do mal que fazem estaria algures fora da sua consciência e da sua vontade.

Termino com um ponto sobre a questão da liberdade de consciência e de expressão. Uma das dimensões da campanha global de que o "relatório Estrela" representa apenas uma batalha mais, tem que ver com as limitações da Liberdade de consciência e de expressão. É irónico que o movimento socialista que tanto gosta de se apresentar como paladino destas liberdades contra todos os totalitarismos, se deixe "instrumentalizar" (para usar a sua expressão, uma vez mais) pela I.P.P.F. para, ao serviço de uma campanha ideológica - toda ela - totalitária, sacrificar inelutavelmente um dos seus principios fundamentais - o princípio da Liberdade dos cidadãos. Se este relatório admite limitações ao direito de "objecção de consciência" e mesmo de pronunciamento divergente de quantos, no seu pleno direito, rejeitam ou simplesmente não partilham da sua "cosmovisão", então está aberta a porta para a repressão por parte do Estado de todo o dissidente de consciência. Pensar isto já é mau. Passá-lo à forma escrita e com força normativa para toda a Europa, será um prego mais no caixão de uma ideia pela qual, no seu início, sonharam, trabalharam e lutaram tantos governantes e estadistas genuinamente cristãos... mas que hoje degenera e se vai degradando com iniciativas infelizes como este lamentável "relatório ESTRELA" que a Senhora diz preparar-se para sanionar com o seu voto favorável.

Em tempo de Natal, uma tal estrela nos cada vez mais escuros céus de uma Europa de-cadente... só pode ser um "buraco negro".

Atentamente,
Luís Botelho
(responsável PPV)







Em 10/12/2013 10:42, GOMES Ana Maria escreveu:
Caro Senhor

Tomei boa nota da sua mensagem.

De facto, o Parlamento vota hoje em plenário - depois de a primeira votação ter sido bloqueada por parte dos grupos da direita - o relatório da deputada Edite Estrela sobre os direitos sexuais e reprodutivos.

Nos últimos meses, eu e todos os eurodeputados recebemos milhares de emails de cidadãos que considero instrumentalizados numa campanha de desinformação, partindo da ideia de que o relatório - não vinculativo e, portanto, não violador do princípio da subsidiariedade - estabeleceria o aborto como direito fundamental e promoveria a "educação homossexual" das crianças, sendo um atentado ao direito dos pais a educarem os seus filhos.

Na verdade, o texto do relatório Estrela sustenta que todos os indivíduos têm o direito a fazer escolhas informadas e responsáveis no que se refere à sua saúde sexual e reprodutiva, insta os Estados Membros da UE a garantirem acesso universal a uma informação, educação e serviços sobre os direitos sexuais e reprodutivos, sublinha que o aborto não deve nunca e em nenhumas circunstâncias ser promovido como uma forma de planeamento familiar e ainda que as taxas de interrupção da gravidez devem ser reduzidas através da prestação de uma educação sexual acessível e de métodos modernos de contracepção. Urge ainda os países membros da UE a garantirem um financiamento sustentável dos serviços públicos e de organizações da sociedade civil que prestam serviços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, etc.


Por isso, lhe comunico que, hoje, votarei, em consciência, a favor do Relatório Estrela.

Melhores cumprimentos,
Ana Gomes

De: Luis Botelho [luisbotelhoribeiro@gmail.com]
Enviado: segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013 20:21
Para: ESTRELA Edite
Assunto: IMPORTANTE - pedido de voto contra o RELATÓRIO ESTRELA / IDEOLOGIA DE GÉNERO

Senhor(a) Deputado(a),

Proteja a privacidade dos nossos filhos, vote NÃO ao
Relatório Estrela.

Vote NÃO ao projeto de resolução 2013/2040 (INI), que promove, entre outras medidas, a educação sexual obrigatória nas escolas com uma perspectiva ideológica exclusiva e sectária, o acesso das crianças a preservativos gratuitos e aborto e livre para os adolescentes e limitará a liberdade de opinião sobre matérias cobertas pela chamada "ideologia de género", que repudio e mereceu recentemente uma condenação clara  da Conferência Episcopal Portuguesa

Lembro-lhe que nem o governo europeu nem os governos nacionais podem assumir a tutela sobre a educação, afeto e sexualidade de nossos filhos - essa é uma responsabilidade das famílias.

Como meu representante na UE, peço-lhe para rejeitar ativamente a "Proposta de resolução do Parlamento Europeu sobre Saúde Sexual e Reprodutiva e direitos conexos", que está de novo agendada para votação no dia 10 de dezembro de 2013.

Atenciosamente,
Luis Botelho Ribeiro