domingo, 2 de novembro de 2008

em comunhão com o Papa

A igreja portuguesa proclama-se "em comunhão com o Papa". Hoje mesmo, isso foi repetido nas celebrações do dia de fiéis defuntos, nos cemitérios de norte a sul do país.

Mas esta comunhão só há-de ser plena se vivida em adesão sem reservas nem parêntesis ao ensinamento dos Papas. Daí que, em algumas ocasiões, perante o que dizem ( ou o
que calam... ) alguns cristãos - clero incluído - sobre o Evangelho da Vida, pode um observador menos atento chegar a duvidar de que viva "em comunhão com o Papa" a igreja portuguesa.

Para que não haja dúvidas sobre a posição da Igreja Católica - logo da igreja portuguesa também, posto que "em comunhão com o Papa" - relativamente às questões da Vida, aqui recordamos as palavras inspiradas do nosso amado Papa Bento XVI, e do seu antecessor muito amado, o Bem-Aventurado João Paulo II.

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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA PAZ,
1 DE JANEIRO DE 2007

A PESSOA HUMANA, CORAÇÃO DA PAZ

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5. Quanto ao direito à vida, cabe denunciar o destroço de que é objecto na nossa sociedade: junto às vítimas dos conflitos armados, do terrorismo e das mais diversas formas de violência, temos as mortes silenciosas provocadas pela fome, pelo aborto, pelas pesquisas sobre os embriões e pela eutanásia. Como não ver nisto tudo um atentado à paz? O aborto e as pesquisas sobre os embriões constituem a negação directa da atitude de acolhimento do outro que é indispensável para se estabelecerem relações de paz estáveis.

Mais: no que diz respeito à livre manifestação da própria fé, outro sintoma preocupante de ausência de paz no mundo é representado pelas dificuldades que frequentemente tanto os cristãos como os adeptos de outras religiões encontram para professar pública e livremente as próprias convicções religiosas. No caso particular dos cristãos, devo ressaltar com tristeza que por vezes não se limitam a criar-lhes impedimentos; em alguns Estados são mesmo perseguidos, tendo-se registado ainda recentemente episódios de atroz violência. Existem regimes que impõem a todos uma única religião, enquanto regimes indiferentes alimentam, não uma perseguição violenta, mas um sistemático desprezo cultural quanto às crenças religiosas. Em todo o caso, não se respeita um direito humano fundamental, com graves repercussões sobre a convivência pacífica, o que não deixa de promover uma mentalidade e uma cultura negativas para a paz.

A igualdade de natureza de todas as pessoas

6. Na raiz de não poucas tensões que ameaçam a paz, estão certamente as inúmeras injustas desigualdades ainda tragicamente presentes no mundo. De entre elas são, por um lado, particularmente insidiosas as desigualdades no acesso a bens essenciais, como a comida, a água, a casa, a saúde; e, por outro lado, as contínuas desigualdades entre homem e mulher no exercício dos direitos humanos fundamentais.

Constitui um elemento de primária importância para a construção da paz o reconhecimento da igualdade essencial entre as pessoas humanas, que brota da sua transcendente dignidade comum. A igualdade a este nível é, pois, um bem de todos inscrito naquela “gramática” natural que se deduz do projecto divino da criação; um bem que não pode ser descurado ou desprezado sem provocar pesadas repercussões que põem em risco a paz. As gravíssimas carências de que sofrem muitas populações, especialmente no Continente africano, estão na origem de violentas reivindicações e constituem assim um tremendo golpe infligido à paz.

[...]

Vaticano, 8 de Dezembro de 2006.

BENEDICTUS PP. XVI


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"O valor incomparável da pessoa humana

O homem é chamado a uma plenitude de vida que se estende muito para além das dimensões da sua vida terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus.

A sublimidade desta vocação sobrenatural revela a grandeza e o valor precioso da vida humana, inclusive já na sua fase temporal. Com efeito, a vida temporal é condição básica, momento inicial e parte integrante do processo global e unitário da existência humana: processo que, para além de toda a expectativa e merecimento, fica iluminado pela promessa e renovado pelo Dom da vida divina, que alcançará a sua plena realização na eternidade (cf. 1 Jo 3, 1-2). Ao mesmo tempo, porém, o próprio chamamento sobrenatural sublinha a relatividade sagrada que nos é confiada para a guardarmos com sentido de responsabilidade e levarmos à perfeição no amor pelo Dom de nós mesmos a Deus e aos irmãos.

De modo particular, devem defender e promover este direito os crentes em Cristo, conscientes daquela verdade maravilhosa, recordada pelo Concílio Vaticano II: «Pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus uniu-Se de certo modo a cada homem» (Redemptor hominis 10). De facto, neste acontecimento da salvação, revela-se à humanidade não só o amor infinito de Deus que «amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu filho único» (Jo 3, 16), mas também o valor incomparável de cada pessoa humana.

A Igreja, perscrutando assiduamente o mistério da Redenção, descobre com assombro incessante este valor, e sente-se chamada a anunciar aos homens de todos os tempos este « evangelho », fonte de esperança invencível e de alegria verdadeira para cada época da história. O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho.

É por este motivo que o homem, o homem vivo, constitui o primeiro e fundamental caminho da Igreja.

in «Evangelium vitae», Ioannes Paulus PP. II, 1995 03 25