No texto, o papa lembra que "a sabedoria das grandes tradições religiosas (...) não pode ser impunemente expulsa da história das idéias".
Bento XVI anunciou de surpresa, na terça-feira, que cancelaria a visita à Universidade romana La Sapienza no meio de protestos de professores e estudantes críticos do pontífice por sua posição em relação à ciência e à condenação de Galileo Galilei.
A decisão desconcertou e preocupou a opinião pública italiana e gerou uma avalanche de reações por parte de jornalistas e personalidades que defendiam o "direito de o papa falar" e que lamentavam o cancelamento da visita.
No texto do discurso divulgado pelo Vaticano, Bento XVI não aborda a pena de morte, tema escolhido para a abertura do ano académico.
Em seu discurso, Bento XVI lembra que La Sapienza, "era a universidade do papa e hoje é uma instituição laica, livre de autoridades políticas e eclesiásticas".
La Sapienza, que está entre as maiores instituições públicas da Europa, foi fundada por Bonifácio VIII no ano de 1303 e conta hoje em dia com mais de 100.000 estudantes.
No texto, o papa diz que, como "pastor da comunidade", torna-se "mais e mais numa voz da razão ética da humanidade" e adverte que "a sabedoria das grandes tradições religiosas (...) não pode ser impunemente expulsa da história das ideias".
"O perigo do mundo ocidental, para falar apenas disso, é que o homem de hoje, por estar dotado de grande sabedoria e poder, capitula ante a questão da verdade e que a razão cede à pressão dos interesses e dos atractivos da utilidade erigida como critério supremo", escreveu o teólogo.
O papa concluiu o seu discurso que seria proferido na universidade admitindo que "não vai tentar impor a fé de forma autoritária", mas que a sua tarefa é a de "despertar a sensibilidade para a verdade e convidar a razão a buscar a verdade, o bem e Deus".
Quase todas as autoridades italianas, entre elas o presidente da República, Giorgio Napolitano, manifestaram a sua solidariedade para com o papa.
A Igreja católica italiana convocou uma manifestação de defesa do pontífice para domingo na praça de São Pedro na hora da oração do Ângelus.
Durante a tradicional audiência das quartas-feiras, que são assistidas por 5.000 peregrinos, o papa foi amplamente aplaudido quando gritou "liberdade".