sexta-feira, 16 de maio de 2008

GSM, Queimas, Fritzl, PSD, labirinto parlamentar, estátua e filosofia (RCM 15.05.08)


Apoio à campanha pelos recarregadores universais – em nome da sustentabilidade, do ambiente – que pode ser assinada em http://www.petitiononline.com/gsmcharg

Já precisou de um carregador de bateria de telemóvel e ninguém à volta tinha um compatível?

Vai guardando pela casa velhos carregadores de que já não se serve, após trocar de telemóvel?

Preocupa-se com os custos económicos e ambientais deste desperdício?

Então leia, assine e divulgue a petição online: http://www.petitiononline.com/gsmcharg

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A propósito do recente desastre em que um estudante regressado da queima infelizmente colheu vários peregrinos para Fátima. Para quando a protecção peregrinos a pé e ciclistas com guias na N1 – pelo menos nas povoações? Há anos iniciei um abaixo-assinado sem grande resultado – mas vejo com agrado a ideia retomada pelo Reitor resignatário do Santuário de Fátima Cón. Luciano Guerra. E porque não uma semana académica simultânea em todo o país? Há anos o Prof. Carlos Borrego tentou isso com outros mas encontrou forte resistência. Qual o interesse nacional em que os estudantes possam fazer o circuito das queimas, com claro prejuízo do seu trabalho académico?... Será o interesse do lobby Sagres-SuperBock. Não basta o circuito dos festivais de Verão? Uns têm republicas das bananas – estaremos nós a entrar numa república da cerveja?

Como vai a escala de gravidade do mundo: na passada edição da sábado, o caso Fritzl ocupava da pag. 48 a 60; mais a crónica de Miguel Pinheiro na pag. 6 e parte do espaço de opinião de José Pacheco Pereira (p.13); Pelo contrário o caso da mãe alemã que que terá congelado 3 filhos recem-nascidos em Wenden Mollmicke apenas uma pequena referência. Conclusão: na “ética” vigente, aborto ou infanticídio precoce são “fait divers”. Matar já está abaixo da violação na escala da gravidade... na medida em que a cotação da Vida Humana desceu ao nível mais baixo de sempre, absoluta e inapelavelmente relativizada.

Crise no PSD: Estando o PSD e Democracia portuguesa como estão, esperava-se que um grande partido de oposição “fizesse mais pela vida” no sentido de recuperar o crédito da sociedade (para si e para a política em geral) ensaiando formas de democracia interna mais aberta, mais participativa, mais permeável à sociedade e, simultaneamente, mais preocupado em valorizar o seu património genético de valores e princípios. Falamos de um partido que se diz ou dizia herdeiro do Personalismo Cristão e da Doutrina Social da Igreja – cito Zita Seabra no livro “foi assim”. Hoje o PSD é o lugar da incoerência onde se digladiam todas as derivas. Que sentido faz continuar a insistir na “união do partido”, quando se sabe que a água e o azeite não se podem misturar? Na história do PSD os momentos de clarificação foram ocasião de defecção de pseudo-notáveis, mas de reaproximação às bases e adesão de independentes valiosos como Carlos Macedo e Natália Correia. (Pensamos no congresso de 1978 com Sá Carneiro a desbaratar o grupo das “opções inadiáveis”).

O povo devolve em apoio o respeito que se lhe tem – como Roma, não paga a traidores. E de que se há-de falar senão de “traição à matriz” quando nos informam que alguns deputados do PSD por Braga votam reiteradamente ao lado do Bloco de Esquerda contra a Doutrina Social da Igreja, contra a tradição do PSD e a sensibilidade da maioria dos seus eleitores? Gostaríamos de os interpelar daqui directamente pelo nome, mas foi-nos impossível confirmar a informação no sítio parlamento.pt.

Porque nada naquela casa é inocente... se alguém pretender informar-se dos nomes dos deputados que votaram a favor ou contra esta ou aquela Lei embrenha-se num labirinto mais tortuoso que aquele que, na antiguidade, Dédalo concebeu para perder o Minotauro! (Vd. Projecto de Lei 509/X 3 Alterações ao Regime Jurídico do Divórcio)

Os eleitores portugueses tinham direito a este mínimo de transparência que seria o de poder aceder aos registos para conhecer como votaram os seus representantes. O voto processa-se electronicamente – seria muito fácil automatizar essa informação... Mas o sítio parlamento.pt, como os de outras instituições vitais da república, dá a impressão de ter sido criado mais para repetir o que os seus titulares gostariam que pensássemos deles e do seu trabalho do que... para dar aos cidadãos o acesso ao que estes querem verdadeiramente saber.

Projecto de estátua ao Monsenhor Eduardo Melo: votei a favor dessa opção e num local público da cidade de Braga, na recente votação do sítio do Diário do Minho. Votei assim a pensar na cidadania e na liberdade – no exemplo de resistência às tentações totalitárias revolucionárias em 1975. Não o fiz por achar que o nosso saudoso amigo mais velho precise dessa estátua para não ser esquecido por amigos e inimigos. Os que ele ajudou, recordam-no reconhecidos. E aqueles que alimentaram projectos de “ditadura do proletariado – ou do partido único” para o país – que ele eficazmente contrariou – também o não esquecem e, como se viu, correram a clicar na votação do Diário do Minho. Apetece dizer com Chico Buarque: “te adorando pelo avesso”...

Resultado – as anteriores votações jamais ultrapassaram os mil votos (escala local/regional). Desta feita quase se atingiu os 20.000 votos, revelando da forma mais eloquente que seria possível a dimensão realmente nacional daquilo que de melhor Monsenhor Eduardo Melo representa – uma figura incontornável, uma referência, uma ideia de um Portugal fiel a si mesmo e aos seus valores mais profundos, mais português - os únicos que no passado e no futuro lhe abriram e sempre abrirão novas portas. Isto leva-nos àquilo que alguém chamou “o acontecimento cultural do ano” - a recuperação da linha de reflexão da “Filosofia Portuguesa”, da escola portuense – e aí está o primeiro número da revista de pensamento “Nova Águia”, cujo lançamento será no Porto, na próxima 2ª feira pelas 21h30 na Fundação José Rodrigues. É aberto e acredito que será importante.

Se a Águia renasceu das cinzas, percebe-se que também um Portugal proVida pode ressurgir se assim quisermos. Está nas nossas mãos concretizar essa esperança de Monsenhor Eduardo Melo e que é a nossa também – mais do que uma estátua, e sem prejuízo desta, podemos enfim erguer um movimento de pensamento e valores que vá a votos assumidamente em nome dos valores da Vida, contra os quais se mobilizam hoje as poderosas forças ou tendências laicistas e desumanizadoras.

Podemos mostrar como a partir de Braga e do Minho se podem ainda organizar marchas mobilizadoras, galvanizadoras e reorganizadores de um Portugal à beira da dilaceração fratricida/matricida. Falo obviamente do movimento Portugal Pro Vida, ao qual o Monsenhor Eduardo Melo já dera um quase sim a encabeçar a lista de candidatos a deputados à A.R. quando a morte o colheu no passado dia 19 de Abril. As missas de 30º dia na sé de Braga dia 19 pelas 17h30 e dia 25 pelas 11h30 serão duas ocasiões para o recordarmos e nos mobilizarmos para a acção. Em qualquer das ocasiões lá conto estar e encontrar pessoalmente quem quiser juntar-se a nós no movimento a favor da estátua ou... do PPV. Estamos a preparar uma lista de mandatários concelhios e por freguesia, de modo a melhor organizar sessões de esclarecimento e a recolha de assinaturas. Será com estas pessoas que contaremos para a elaboração das primeiras listas de candidatos a deputados. Como se vê, o Minho agita-se, mobiliza-se e está vivo. Não se diga, pois, que a esperança morreu – o futuro constrói-se com o trabalho dos vivos, o exemplo dos que partiram e a força do Espírito.