do cidadaniaPT
Sim, [...] Portugal perdeu... mas não ontem! Tem vindo a perder a Paz de espírito, a tranquilidade de consciência e um certo "estar-de-bem-consigo" que nos vinha ajudando a transcender-nos nos últimos anos, muito fruto de um sentimento de grande união nacional (salvo seja). Por que razão, não se viram desta vez tantas bandeiras nas janelas? Por que não se respirava um ar de tanto optimismo como das passadas duas vezes?
Pode-se alegar que, em 2004, o campeonato era cá e o enorme esforço do país na organização tinha o seu escape naquele mês dos jogos... Certo. Mas em 2006 não foi cá... e também o entusiasmo foi bastante maior que agora, parece-me. Que aconteceu então? Será que a situação económica está muito pior do que então? César das Neves em artigo recente chama a atenção para alguns indicadores que desmentem uma degradação real e generalizada da economia portuguesa, apesar de um evidente "afundamento" da classe média.
[...] Portugal vive estes dias, este último ano, como a selecção parece jogar: de consciência pesada, com a angústia e intranquilidade de quem anda de mal com a Vida, de mal consigo mesmo. E quem assim anda, não consegue... o que empreende, as pequenas ou grandes coisas que se propõe realizar competindo com outros. Pode-se dizer que há países e povos que conseguem render quase o mesmo nessas condições. É verdade para outros, mas não para nós. Nós somos aqueles aos quais "o fraco Rei, faz fraca a forte gente".
Nós somos aqueles cujo "Rei" - desde 2005 - o que quer para Portugal é um país cada vez mais envelhecido, com menos crianças, com menos "famílias tradicionais" a empatar-lhes os planos "progressistas" de mais e mais abortos, mais e mais laicismo de Estado, mais e mais divórcio simplex, casamentos homo, menos padres nos hospitais, menos religião, menos santos e nenhuns crucifixos na escola pública, menos "moral" nos currículos. E quando toda a sanha do poder está em retirar a moral ao povo, não é surpresa que este... desmoralize!
Desde há um ano que Portugal vive uma situação de surda "guerra civil", como a de 1832, com portugueses a matar portugueses... covardemente nas clínicas do aborto e até nos hospitais públicos. Desde há um ano que o Estado porfia em atacar a consciência ética dos médicos e enfermeiros, pressionando de forma inaceitável os códigos deontológicos das respectivas ordens profissionais. Desde há um ano que a palavra "imposto" tem uma componente de sangue que Portugal não experimentava dolorosamente na sua consciência ensanguentada, desde a guerra colonial. Hoje pagamos impostos - sem alternativa possível - sabendo que esse dinheiro é usado para liquidar irmãos nossos de dez semanas, se calhar até de mais... Para liquidar o nosso futuro, portanto.
E querem que nos unamos em torno da selecção, se alguém nos pôs já - e da forma mais violenta - "portugueses contra portugueses"? Querem que na euforia duma campanha futebolista, entretanto interrompida sem glória e sem grande brilho, esqueçamos a campanha de mentiras que nos impingiram para fazer passar a outra "interrupção", que não é interrupção nenhuma? E se dessem a referendar aos portugueses uma "interrupção das participações nos campeonatos de futebol" que... significasse afinal não participar em mais nenhum? Mas não, no futebol a interrupção do "sonho português" de ontem significa uma nova oportunidade já em Setembro, com o arranque da qualificação para o "mundial". Nos referendos à "vida humana", pelo contrário, todos os eufemismos são permitidos - e uma "interrupção" ou até um "tratamento voluntário da gravidez" (como anunciam impunemente as páginas de alguns jornais sem Valores) significa "acabou-se", "morreu", "tudo está consumado".
Mais profundamente do que a "crise dos combustíveis" ou o "afundamento da classe média", é esta "guerra civil" que está a matar Portugal, a esvaziar-lhe as creches e infantários por todo o lado e a encher-lhe a selecção e os "quadros de pessoal" de (benvinda) gente nascida em outras terras... e de que precisamos por conscientemente deixarmos secar a nossa terra e saquear o nosso mar.
Mas se tanto mal nos pode chegar pela porta mal-guardada dum "fraco Rei", anime-nos essoutra esperança de que por um "forte Rei" o nobre povo se possa reencontrar consigo mesmo, nação valente e imortal(?). A "nova Águia" tem-se feito voz dessa promessa renovada em silêncio à mesa das casas portuguesas durante os sessenta anos dos Filipes ou "a catástrofe" com Junot. A promessa de que, qual Tigre da Malásia...
... Portugal não morreu. Portugal não morrerá!