quinta-feira, 26 de maio de 2011

dispensamos os mornos


Por estes dias, o "povo pro vida" tem sido bombardeado com apelos negativos com um destinatário mais ou menos comum - o PS de José Sócrates. Longe de mim defendê-lo, está bem de ver. O problema do "cidadão pro vida" diante do boletim de voto, no entanto, mantém-se. É que da "exclusão de partes" donde só conseguimos retirar o PS, ainda sobram uns 15 ou 16 quadrados onde pode ser legítimo a um bom cristão colocar a "cruzinha". E é disso que se trata agora. Quem quiser falar ou escrever para o "voto cristão em consciência" - não pode ficar-se por um confortável "neste(s) não", há-de ser consequente e comprometer-se com um "naquele(s) sim".


O problema é que, para isso, pode ser levado a reconhecer que não será muito cristão aconselhar um eleitor de Lisboa a votar em Teresa Caeiro - que aprova a Lei da IVG - ou aconselhar um eleitor de Aveiro a votar em Paulo Portas - que no debate do casamento gay se esgueirou para as últimas filas do parlamento... Também não será muito fácil aconselhar um "voto cristão" no PSD-Lisboa de Fernando Nobre que, além de concordar com a lei do aborto, também parece seguir aquela ideia de que "o que hoje é mentira, amanhã já pode ser verdade", no PS-Leiria de... Basílio Horta, já para não falar do PS-Lisboa de Ferro Rodrigues, "el solidário"...


Basta, pois, de indicações vagas, de evasivas, de sugestões. Exige-se coragem, clareza, poder de discernimento a quem se propõe influenciar. (Não é o meu caso, não escrevo para influenciar mas para lutar pelo PPV, para pedir o voto cristão no PPV; estou comprometido "até ao pescoço" no combate o PPV; não invoco qualquer estatuto de independência em abono da minha "opinião"). Não estou aqui para influenciar, mas claramente para pedir o voto dos cristãos que querem deveras acabar - e já! - com o aborto liberalizado em Portugal, e não esperar mais quatro anos, mais 80.000 bebés sacrificados e todo o rasto de irreparável dor que eles deixarão se não os salvarmos... com o nosso voto!


A partir de agora, à laia de quem diz "se querem o nosso voto..." também nós vos dizemos: "se querem a nossa atenção..." então indiquem-nos, justificando, em quem pode, sem contradição, ser depositada a confiança do "voto cristão". Não por acaso, convidámos há vários meses várias "personalidades" para gravar depoimentos nos nossos tempos de antena. "Apenas" o Prof. Daniel Serrão acedeu a dar-nos o seu testemunho, tal como já o dera generosamente em 2009, correndo o risco de, embora independente, ser "conotado" com o PPV. Felizmente, há pessoas tão grandes que não se atrapalham diante de obstáculos tão pequenos...


A terminar, uma palavra à Rádio Renascença, a Emissora Católica Portuguesa. Em relação ao PPV, tem mantido a posição politicamente correcta da equidistância, do tratamento "igual a todos os outros", embora sabendo que em 1975, se cá deste lado os portugueses tivessem adoptado a mesma atitude que tiverem "em relação a todos os outros" órgãos de comunicação social ocupados... ela teria ficado nas mãos do "inimigo". Talvez tenha chegado o momento de separarmos as águas, de conhecermos e reconhecermos (também com o voto, também com a antena) quem assume o combate entre a "civilização da Vida" e a "cultura de morte" no terreno da política, como insistentemente nos pede o Papa Bento XVI. Homenagear o Beato João Paulo II implica escolher um campo e não se ficar como os mornos (Ap 3, 16).

O tempo presente dispensa os mornos*.




* dispensa os mornos e, naturalmente, também as mornas, excepto as de Cabo Verde... sempre bem-vindas, tal como as coladeiras... :-)