sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Opções

Acabo de ler e meditar um artigo do cidadão Nuno Serras Pereira intitulado "votações" onde se aponta a falácia do conhecido aforismo "vox populi, vox Dei". De facto, também os povos se enganam, também os povos podem consciente ou inconscientemente trilhar caminhos suicidas, ou - num tom camiliano - caminhos "de perdição". Já em Julho de 2007 comentavamos no cidadaniaPT sob o título "Portugal em auto-destruição"[1] um comunicado da APFN, a propósito do Dia Internacional da População, onde se apontavam alguma das causas políticas da já de si má situação actual e ainda pior tendência de evolução. No cerco de Numância os últimos celtiberos preferiram o suicídio colectivo à perda da sua liberdade perante Roma. Da mesma forma, parecem hoje os (últimos?) portugueses preferir desaparecer a continuar a sua história.

Mas será de facto assim? Não o creio. Penso, isso sim, que há um claro problema de elites em Portugal. As elites não estão a ser capazes ou "não estão para se maçar" para criar caminhos viáveis, alternativas fortes, opções credíveis. E o eleitor escolhe de entre as opções que lhe aparecem e conhece. Se não conhece o programa de um movimento, o perfil e o carácter de um candidato presidencial, ainda que ideologicamente próximo, não arrisca. O trabalho das forças instaladas nas antenas e nas redacções fica assim simplificado. Basta-lhes impedir que cheguem ao conhecimento público os "perigosos elementos subversivos" do povo pro-Vida - diria mesmo do Portugal que é pro-Vida. E se isto falhar - e sabemos que é impossível controlar sempre e controlar tudo - resta-lhes impedir que se organizem, por exemplo, num movimento político.

Porque se se organizarem, não tardarão a conquistar a parte da cidadania que lhes corresponde nos votos. E em nome de quê? Em nome das opções que tantos portugueses exigem e não têm:
- a opção de não contribuir materialmente para os abortos de Estado;
- a opção de todos os anos realizar um certo "referendo ao aborto" através de uma opção na declaração de IRS, obrigando o Estado a apoiar alternativas para as mães e, logo que possível, à revogação da Lei do aborto;
- a opção de ter filhos e constituir uma família sem os ónus que a legislação actual lhes impõem;
- a opção de educar os seus filhos segundo a sua carta de Valores;
- a opção eleitoral entre diferentes formas de pensar a comunidade e não entre diferentes consórcios concorrentes ao "bolo dos investimentos públicos"
- a opção entre o Marxismo, o Liberalismo e o Personalismo Cristão ou Doutrina Social da Igreja;

Pode afinal ser-se absolutamente pró-Vida e, em sentido democrático, também pró-escolhas. É este o caminho que o Portugal pro-Vida[2] propõe a todos os cidadãos de boa-vontade que se disponham a bater-se no campo político. É por esse projecto que nos desdobramos em contactos com grupos de jovens, grupos de leigos, etc., levando aonde nos receberem uma palavra de ânimo e um projecto de futuro[3]. Vamos dar as mãos, perder o medo e juntar o nosso nome ao Portugal do inconformismo. A América responde, segundo a sua natureza, ao 11 de Setembro. A Espanha lida como pode com o 11 de Março. O Portugal (que é) pro Vida tem, perante o mundo, a obrigação de dar igualmente uma resposta ao seu 11 de Fevereiro.

Luís Botelho Ribeiro


[1] http://cidadaniapt.blogspot.com/2007/07/portugal-em-auto-destuio.html
[2] http://portugalprovida.blogspot.com/
[3] enviar email para portugalprovida@gmail.com com o seguinte assunto: [proposta de conferência pública]