O grupo Católicos Socialistas, constituído no interior do PS, lamentou, na quinta-feira, que o dinheiro dos impostos tenha servido para o Serviço Nacional de Saúde executar «mais de seis mil abortos».
Numa reunião em Setúbal, onde terão estado presente 32 dos «cerca de 50» membros daquele grupo, foi feito o balanço de um ano da aprovação em referendo da interrupção voluntária da gravidez, disse à Agência Lusa Cláudio Anaia, porta-voz do grupo.
Cláudio Anaia, de 35 anos, «militante honorário da Juventude Socialista», disse à Lusa que entre as principais conclusões da reunião de Setúbal está a proposta de que «na declaração de IRS, os contribuintes possam escolher (...) que o respectivo imposto não seja para interrupções voluntárias da gravidez».
Interrogado sobre poderia ser concretizada e fiscalizada essa medida, Anaia respondeu: «Não somos fiscalistas, propomos apenas que haja um espaço para essa declaração ou para dizer que se prefere que o dinheiro do imposto seja canalizado pelas instituições pró-vida.»
O grupo apurou também que, apesar da aprovação da interrupção voluntária da gravidez, «os abortos clandestinos continuam» e que «o número de mulheres portuguesas a irem a Badajoz para abortar aumentou».
Por outro lado, decidiram «apelar à nova ministra que acabe com a política de fechar maternidades no interior do país e apoiar clínicas de aborto em Lisboa».
Os Católicos Socialistas reunidos em Setúbal manifestaram a sua satisfação pelo afastamento do ex-ministro Correia de Campos, por ter permitido que as mulheres que interrompem voluntariamente a gravidez não tenham de pagar taxas moderadoras, «uma autêntica injustiça para com as pessoas que estão verdadeiramente doentes».
O grupo decidiu ainda imprimir cinco mil autocolantes irónicos com o tema «Educação sexual moderna em quatro lições» a serem distribuídas em escolas de Lisboa, Porto e Coimbra.
«Só pode ser nessas três cidades, porque os nossos recursos não são muitos», explicou Cláudio Anaia.
Os Católicos Socialistas socialista opuseram-se à lei da interrupção da gravidez e tomaram posição diferente da da direcção do partido sobre a Concordata com a Santa Sé.
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In Infovitae 791 - Terça-feira 12 de Fevereiro de 2008
cit. Lusa (08-02-2008)
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